domingo, 28 de fevereiro de 2010

Diario de Bordo - 11/Novembro/2009 - Primeira Velejada

Se você está acompanhando o blog já sabe que para garantir o sucesso (segurança e conforto) desta primeira velejada só soltamos as espias depois de alguns preparativos, os mais importantes neste caso foram:
* Revisão do equipamento de salvatagem;
* Reforma do motor;
* Reforma da genoa e
* Troca dos cabos (adriças e escotas) da genoa e da grande.


A Tripulação

Pessoal bem vindo abordo !!!



Um convidado importante estava abordo: o Zé Luiz, um skipper com mais de 15 anos de vela na região de Angra dos Reis. Ele é a garantia de sucesso principalmente nas manobras de desatracação do pier, na saída, e de atracação na volta. Como eu não tenho nem uma prática em manobras de pier (quando velejava o Argonauta ele ficava fundeado em poita) a saída e a chegada são momentos especialmente tensos, principalmente se consideramos o valor dos outros barcos atracados próximos.

Uma coisa incrível neste dia, por si já muito especial, que estavam abordo 3 pessoas muitos importantes na minha vida: meu grande pai, minha querida mãe e minha namorada. Realmente foi um presente levantar pela primeira vez as velas do Acalanto e navegar na companhia de pessoas tão queridas.


Velejando

Meu pai estava responsável pelas compras do dia; saímos com muita comida e bebida. Ele adora comprar sempre muita comida e muita bebida (você precisa ver as festas na casa dele), para o barco não foi diferente. Água, refrigerante, bolachas, sanduíches, ..., ..., ... e cerveja. Logicamente, quando estou no comandando do barco: eu não bebo.

Mas meu pai como não tinha nada haver com a condução da embarcação durante o dia iria abrir muitas latinhas em homenagem a esta navegação inaugural neste lugarzinho "aprazível".

Bem, lá vamos... Soltamos as amarras de popa, o Zé saiu no leme (lembra da historia das manobras no pier) e eu fui fazer as fainas na proa para soltar o cabo da poita. Saimos devagarzinho motorando pelo canal do Bracuhy. O dia estava bonito, muitas nuvens, mas o sol gostoso iluminava a maravilhosa baía de Angra do Reis. Como é bom estar no mar, como é bom navegar...

Bem chega de motorar, viemos aqui para velejar ou o que ?

Aproamos o barco ao vento para ser possível a manobra de içar as velas. Assim subiu pela primeira vez a vela mestra e depois genoa. Desligamos o motor e magicamente estávamos deslizando nas águas ao sabor da brisa do mar.

Eu fui para o leme. Neste momento conduzindo o Acalando na vela pela primeira vez: Pensei, em silêncio, sobre todo o esforço que foi necessário para estar ali, as economias, sacrifícios, meses procurando o veleiro certo, viagens, mais economias, as reformas, o motor, as velas, os cabos, .... Mas, com o vento no rosto e ouvindo o barulho delicado da água no casco eu só podia sentir uma imensa alegria e ter a certeza que tudo valeu a pena, que sonhar vale a pena !!!

Então, a De foi conduzir o barco e levou-o lindamente. Ela fez aula com o Marcelo na lagoa de Marapendi e estava velejando super bem.

Neste momento eu fui sentar-me um pouco no convés e por debaixo dos óculos escuros algumas lágrimas rolaram, emocionado pela primeira velejada no barquinho novo, meus pais abordo ao meu lado neste momento importante, De velejando, cheiro do mar, balanço das ondas: Senti uma imensa felicidade !!!

O Seu Rodolfo também velejou. Quem diria em minha mãe o pai velejando o barco do seu filho ?

O dia foi passando rapidinho: camba daqui, camba de lá... O Acalanto vai devagarzinho sentindo novamente a liberdade do vento. Vai meu veleirinho, vai meu canto no mar, com sua suave cantiga nesta brisa de embalar...

Vamos até Itanhagá, jogamos âncora e eu fui mergulhar um pouco. Depois rolou um lanchinho e já estava na hora de voltar para o Bracuhy.

Minha mãe que no começo estava preocupada com a possibilidade de enjoar durante a navegação, passou um dia tranquila. Mesmo que as vezes uma ou outra lancha insistía em passar super rápido bem na proa dos veleiros, formando marolas e balançando o veleiro inteiro.

Para não dizer que tudo deu certo neste primeiro dia, na hora de levantar a ancora o motor resolveu não funcionar. Mexe daqui, mexe dali e encontramos alguns dos contatos elétricos do motor de arranque bem sujos, um pouco de limpa contato e tudo certo o motor voltou a trabalhar.

Voltamos para a Marina, na atracação do barco o Zé novamente assumindo o leme fazendo uma manobra perfeita. Olhando quem tem prática manobrar até parece fácil...

Um dia sem dúvida memorável na minha história pessoal. o primeiro de muitos momentos mágicos que tenho certeza vou viver ao lado do Acalanto. Este meu canto no mar...

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